Mimada

grazielles
1 min readApr 11, 2021

“Mimada.” Foi assim que ele me chamou enquanto eu estava em prantos voltando pra casa depois de dias com meus pais, em minha terra natal. O cenário de aeroporto me causava angústia. Eu não sei bem o que tinha em meu peito naquele momento que precisava transbordar em lágrimas, mas “mimada” foi represa que estancou o vazamento.

De “mimada” pra frente fui perdendo a cor, ficando cinza (tonalidade preferida da paleta de cor dele). Por qualquer razão segui ao seu lado por mais um tempo. Até quase deixar de ser. Não fossem os laços de afeto que transcendem qualquer geografia, eu não mais seria.

Rompi.

Mas “mimada” não sai mais de mim. Ficou tatuada. Seis anos já se passaram, fui conquistando minhas cores de volta aos poucos, mas ela ainda me lembra que não posso querer demais, que não posso sentir demais, que não posso demais. Demais é capricho. Aí desisto. E cinza.

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grazielles

“Eu sou uma e sou várias” e por aqui escrevo com alma e sem filtro.