Depois do abismo

Eu estava escrevendo você tão lindo nos meus cadernos. Deve ter uns dois ou três pela casa com frases soltas sobre detalhes seus que vão além do sorriso lindo e da voz marcante.

Eram qualquer coisa sobre seus olhos enormes que cabem toda ternura do mundo e como seus lábios nasceram para beijar ou como eu achei que o nosso último encontro seria um tornado avassalador e foi muito melhor porque senti chuva de carinho e atenção que compensou qualquer câimbra.

Podia mandar emoldurar o seu rosto quando te fiz gozar, meio desajeitada por pura falta de fluência em você… foi a visão mais linda. Pensei que seria incrível se você tivesse dentro de mim nessa hora. Mas acho que foi até melhor poder ver o prazer que estampou você inteiro. Tive muito pouco tempo para te explorar e entender sua pele como eu gostaria. Disso eu sinto muito.

Estava achando graça de versar sobre esses primeiros sinais de encantamento (que são muito mais legais do que afastamento, vamos combinar).

Imaginei que o início do gostar não tem muito regra e a gente rega dando espaço também. É bonito ver crescer apesar de não estar em um contato diário. Deixar o outro respirar também é cuidado. E como você mesmo falou das mil e uma atividades pensei ser mais prudente segurar o ímpeto de conversar tanto no final de semana, contar minhas peripécias, ouvir sobre as suas.

Não entendi muito bem, mas parece que esse espaço virou um abismo de repente.

Tô me sentindo meio estúpida de tanta mensagem agora, mas veja… não vou saber o que se passa por aí se eu não perguntar. E você não vai entender o que se passa por aqui se eu não te contar. Isto posto, e sem cobrança, pelo amor das Deusas, quando você puder falar dá um sinal.

E se não quiser mais falar dá sinal também. Bem honesto como eu imagino que você seja. Que aí a gente fecha um ciclo. Ou continua tecendo qualquer coisa boa que parecia ser promissora desse nosso encontro.